O ano de 2025 foi marcado por muitos desafios para o Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. Como o senhor avalia esse período para o Movimento Sindical?
No Movimento Sindical nós nunca tivemos anos fáceis. Todos apresentaram desafios. Eu diria que o ano de 2025 nos impôs uma pauta que nos fez refletir sobre o nosso papel enquanto entidade sindical. A gente não cresce nas facilidades. Nas dificuldades é que encontramos forças para erguer a cabeça e continuar a nossa luta.
Quais são as expectativas e prioridades para 2026, especialmente diante das eleições gerais?
2026 será um ano muito importante para o Movimento Sindical e para o Brasil, sobretudo em relação às eleições para deputados, senadores, governador e presidente da República. É o momento do Movimento Sindical trabalhar para termos um Congresso mais representativo. Queremos um Brasil em que as entidades sindicais sejam fortalecidas, porque lutam para defender os interesses dos trabalhadores. Se essas estruturas são fortes, evidentemente os trabalhadores ficam fortalecidos também.
A sucessão rural é um tema recorrente e estratégico para o futuro do campo. Como o senhor vê esse desafio?
É uma preocupação criar atrativos para manter o jovem no meio rural. Precisamos de ampliar o acesso à internet e garantir o acesso às políticas públicas. Vamos trabalhar para que os jovens se sintam motivados a permanecer no meio rural com qualidade de vida.
O empoderamento da mulher rural é essencial para o desenvolvimento sustentável. Como a Fetaemg pretende continuar trabalhando a organização das mulheres rurais?
Realizamos recentemente em Belo Horizonte um encontro sobre empreendedorismo feminino. Queremos expandir para encontros regionais. Nosso intuito é tirar as mulheres do anonimato, para que sejam reconhecidas pela sua capacidade de produzir alimentos de qualidade. Elas precisam de apoio para conquistar mercado nacional e até internacional.
A reforma agrária continua sendo uma bandeira histórica do movimento sindical. Qual é a avaliação atual sobre esse tema?
Sempre tivemos a bandeira da reforma agrária como uma das nossas principais frentes de luta. O grande problema é a dificuldade do governo em implementar essa política, não apenas garantindo o acesso à terra, mas também condições para as famílias produzirem: assistência técnica, moradia, apoio financeiro, escola. Colocar o trabalhador numa área sem dar condições para ele progredir não adianta.
Quais são as principais estratégias que o Movimento Sindical deve adotar para fortalecer sua organização e ampliar a representatividade dos trabalhadores e trabalhadoras rurais?
Acredito que o fortalecimento da organização sindical passa por três pilares fundamentais: formação e comunicação – investir em capacitação permanente dos dirigentes e estreitar ainda mais a proximidade com as bases para ouvir suas necessidades e anseios; articulação política – ampliar e fortalecer a articulação política para garantir a inserção efetiva do Movimento Sindical nos debates e nas decisões político-sindicais para dar mais força à voz dos trabalhadores nos espaços de poder; mobilização sindical – manter viva a mobilização sindical sempre foi a nossa estratégia de luta. Foi por meio da nossa de intensas mobilizações que alcançamos importantes conquistas. Esse é o nosso instrumento de luta e precisa estar cada vez mais organizado.
Essas estratégias são essenciais para que o sindicato não apenas defenda direitos, mas também seja protagonista nas conquistas. Quando o trabalhador percebe que o sindicato está presente, organizado e atuante, a confiança aumenta e a representatividade se fortalece.
Qual a mensagem o senhor deixa para os trabalhadores e trabalhadoras rurais?
Minha mensagem é de otimismo. Não vamos cair diante dos obstáculos que nos são colocados no dia a dia. Espero que todas as dificuldades que passamos em 2025 sirvam para nos unir e encorajar ainda mais, para que 2026 seja um ano melhor, com mais lutas e, sobretudo, com mais conquistas.”