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IV AgriMinas termina com prateleiras vazias e saldo positivo nos negócios.

A quarta edição da Feira da Agricultura Familiar de Minas Gerais – AgriMinas -, terminou no último domingo (16) com as prateleiras vazias e os bolsos dos produtores cheios. Considerada sucesso de público e de negócios pelos organizadores, a feira  também deixou os expositores bastante satisfeitos. Não foram raros os casos de produtores que, antes do final da feira, venderam todo o estoque de produtos. Dona Marlene Barbosa Ribeiro é um dos exemplos. Produtora da pimenta bravinha, no município de Nova Porteirinha, antes da metade do domingo ela já tinha vendido todos os 510 vidros de pimenta que levou para o evento. "É a quarta vez que eu venho e nunca vendi tanto como desta vez, eu vendi tudo. No ano que vem eu vou trazer o dobro, se Deus quiser, e espero vender tudo de novo", projeta Dona Marlene, que também fechou negócios futuros para fornecimento a restaurantes durante a  AgriMinas.


Os produtos alimentícios fizeram muito sucesso na feira. Café, feijão, fubá, farinhas diversas, biscoitos, doces, verduras, legumes, temperos, mel e derivados, entre outros, tiveram uma boa aceitação do público que visitou a Serraria Souza Pinto, em Belo Horizonte,  ao longo dos três dias de evento. A castanha do baru, produzida pela Associação Comunitária dos Pequenos Produtores de Derivados de Frutos do Cerrado de São Francisco, por exemplo, acabou no segundo dia de feira, e o estoque era de 300 quilos.
O artesanato, contudo, não ficou para trás. Entre a cerâmica, tapeçaria e peças produzidas a partir de subprodutos da agricultura familiar como as palhas de banana e de milho, o volume de negócios foi alto. Que o diga Hilda Aparecida Leal Alcântara, da Associação Arte Caldas, da cidade de Caldas, no Sul de Minas. Segundo a expositora, as peças em palha tiveram uma saída tão boa que ela já pensa em aumentar o estoque na próxima AgriMinas. "Vale a pena aumentar a produção para o ano que vem. Trazer mais sacolas e bolsas coloridas, porque a gente sabe o que o povo gosta”.
Se a satisfação dos produtores é grande, entre os organizadores não é diferente. O volume de negócios e a opinião dos produtores levou o presidente da Fetaemg, Vilson Luiz da Silva, a considerar a IV AgriMinas como a feira de maior sucesso entre as quatro já realizadas. "Nós tivemos menos dias do que nas três primeiras, mas essa edição superou as expectativas. Nós tivemos mais público, muitos expositores ficaram com seus estandes vazios, fora a negociação que foi feita para o futuro. O produtor está chegando ao mercado, ao consumidor final e também ao mercado atacadista." Segundo Vilson Luiz, o intuito é aumentar cada vez mais a participação da agricultura familiar no mercado, tanto que ele tem planos de elaborar um catálogo para que a visibilidade dos produtores aumente agora que a feira se encerrou. "Eu quero produzir um catálogo dessa edição dos produtos que foram comercializados, a quantidade, a qualidade, o endereço de todos os produtores para a gente abrir mercado. A feira é de três dias, mas os negócios continuam”, avaliou.  
Além dos negócios, a IV AgriMinas ficou marcada também por palestras e pelo   intercâmbio entre os produtores. Durante o evento foram realizadas três palestras, abordando o Programa de Aquisição de Alimentos da Conab, o Programa Nacional de Alimentação Escolar e Cooperativismo. Os debates fizeram sucesso entre os expositores que puderam esclarecer suas dúvidas sobre os temas, além de aprender como incrementar a produção. O aprendizado não ficou apenas na sala de aula. O espaço da Serraria Souza Pinto serviu para que agricultores e artesãos de diferentes regiões trocassem experiências e idéias. "O intercâmbio e a capacitação são essenciais para qualquer negócio que a gente se condicione a fazer. Se queremos conquistar o mercado, temos que capacitar constantemente os agricultores para garantir a qualidade dos produtos. Por isso temos o compromisso de sempre realizar palestras e cursos”, explica Silva.
Para o futuro, o presidente da Fetaemg vislumbra uma próxima feira ainda maior. Uma das preocupações de Vilson Luiz da Silva é fazer com que a próxima AgriMinas tenha mais produtos alimentícios, que fizeram bastante sucesso entre os visitantes. Além disso, o presidente da Federação confia em uma participação ainda maior de produtores na próxima edição. "No ano que vem a gente vai definir muito antes a feira para trazer mais produtos, sobretudo produtos alimentícios. Vamos ter o artesanato, mas é importante trazer mais produtos alimentícios, porque a procura foi muito grande", explicou. "Eu acredito que a quinta edição da AgriMinas vai ser maior, com mais produtos, mais estandes. Queremos ter mais sucesso, porque isso significa que estamos cumprindo o nosso papel. Se este ano ela foi melhor que o ano passado, no ano que vem tem que ser melhor ainda", completou.

Estoque maior em 2010 - O expositor Raimundo Simplício Pereira, sócio-fundador da Associação Comunitária dos Pequenos Produtores de Derivados de Frutos do Cerrado de São Francisco, voltou para a casa com boas notícias para os companheiros de associação. A castanha de baru, produto principal do seu estande, acabou logo no segundo dia de feira e o restante dos produtos teve excelente procura. O produtor já vislumbra trazer um estoque cinco vezes maior na próxima feira. “A Agriminas realmente surpreendeu, porque trouxemos 300 quilos de castanha de baru e tudo foi vendido. De um a dez eu daria 11 para a feira, porque foi além do imaginado. Eu pensava que estava levando muito óleo de pequi, por exemplo, mas no final nós vamos sair com as caixas vazias e levando maravilhas para o pessoal de São Francisco. É a primeira vez que eu estou vindo e quero vir mais vezes. A previsão é trazer 1.500 quilos de castanha de baru da próxima vez”.
 Contatos com restaurantes - O tempero da feira para Marlene Barbosa Ribeiro foram os bons negócios. Produtora da pimenta bravinha, no município de Nova Porteirinha, ela viu as prateleiras esvaziarem antes do fim da feira. Mais do que as vendas durante a AgriMinas, ela comemora os negócios que fechou para o futuro.“ É a quarta vez que eu venho e nunca vendi tanto como desta vez. Eu trouxe 17 caixas, um total de 510 vidros e vendi tudo. A divulgação da feira foi maravilhosa, a Fetaemg está de parabéns. No ano que vem eu vou trazer o dobro, se Deus quiser, e espero vender tudo de novo. O espaço foi muito bom, inclusive, eu tive vários contatos com donos de restaurantes que vão fazer negócios comigo. O pessoal gostou muito da pimenta, mas o que é bom tem que ser saboreado mesmo”.

Consumidor com consciência ecológica -  Em sua primeira AgriMinas, Hilda Aparecida Leal Alcântara, do município de Caldas, volta para sua cidade cheia de satisfações. A expositora ficou encantada com a feira, com Belo Horizonte e muito mais com os bons negócios que fechou durante o evento. "Vendemos muitas peças, a feira foi muito boa. Deu para perceber que o pessoal está com a consciência ecológica em dia, porque as sacolas de feira, que substituem as de plástico, venderam muito, mais do que as peças menores. Superou as expectativas, e muito. vendemos algumas centenas de peças.  Vale a pena aumentar a produção para o ano que vem, trazer mais sacolas, mais bolsas coloridas, porque a gente sabe que o povo gosta. Quero voltar e colorir isso aqui. Foi a minha primeira vez na feira e em Belo Horizonte, achei a cidade linda, maravilhosa e adorei a feira. São muitos produtos bons e eu aproveitei para ver as palestras."
Estoque de farinha - O sucesso da farinha de beiju e da farinha temperada, produzidas no Sítio Primavera, em Campina Verde, é incontestável. Quando não é o expositor Artur Ferreira Lima que comprova o saldo positivo com o estande vazio, são os consumidores que comprovaram a qualidade do produto. Seu Modestino Pereira Neto descobriu a farinha de Artur na III Agriminas e resolveu fazer estoque. "Toda vez que tem essa feira eu venho comprar essa farinha de beiju. Eu morei em Araxá dez anos e nunca consegui comprar farinha de boa qualidade, sem agrotóxicos, em Belo Horizonte. Estou levando hoje cem sacos para distribuir para a família, para os amigos e para vender alguma também. Estou levando farinha para eu comer até a próxima feira, em agosto do ano que vem".
Farinha de sucesso - Artur, por sua vez, só tem a comemorar o bom volume de vendas e a lista de clientes cada vez maior. Na última feira ele havia trazido 1.500 pacotes de farinha e vendeu todo. Na IV Agriminas o sucesso trilhou o mesmo caminho. "Eu trouxe três vezes mais farinha este ano. Muita gente que tem comércio já deixou o contato para comprar direto com a gente. Sucesso é pouco, porque nós trouxemos 5.100 pacotes e vendemos tudo. É uma feira maravilhosa  porque antes a gente não podia participar de um evento desses devido ao alto preço para pagar o espaço. Na AgriMinas a Fetaemg traz a gente e os nossos produtos e pagamos apenas a inscrição. No ano que vem vamos aumentar ainda mais a quantidade de farinha.”

Ariadna Félix Santos, presidente da Associação dos Artesãos de Felisburgo, deixou os produtos em Belo Horizonte e só levou nas malas os presentes que comprou na capital. A associação, que produz cestaria e produtos da agricultura familiar como farinha, beiju, goma e queijos, comemora o sucesso de vendas na IV Agriminas. "É a primeira vez que participamos e estamos muito satisfeitos. Trouxemos cerca de 100 queijos e foram todos vendidos, o artesanato da zona rural, apreciado pelo pessoal, também foi vendido. No segmento de bijuterias conseguimos vender muito bem. Nas sacolas estamos levando somente as roupas que compramos aqui em Belo Horizonte, que não temos chances de comprar na nossa cidade. No ano que vem estaremos com mais produtos, principalmente na parte de queijos. Foi um saldo positivo, deu par fazer bons negócios."